Quando o assunto é mastigar e falar, logo nos vem em mente a orientação que aprendemos: “é falta de educação falar enquanto mastiga”. Mas o que muitos não sabem é que há uma relação direta entre a mastigação, o fortalecimento da musculatura orofacial, e a destreza do movimento destas estruturas durante a fala.

A mastigação é uma função aprendida e ao longo de toda a vida se adapta às condições anatômicas da pessoa. Ela é responsável por quebrar os alimentos em pedaços menores para facilitar a digestão dos nutrientes e também por fortalecer a musculatura da face, como em uma verdadeira academia para fortalecimento.

Os músculos da face são responsáveis por sugar, engolir, mastigar, falar e respirar corretamente e desde o primeiro momento de vida, eles são recrutados para algumas destas funções.

Desta forma, é muito importante que a criança passe por cada etapa do processo de alimentação, respeitando o desenvolvimento do seu corpo. Após o quinto mês de vida, o reflexo oral é substituído pela movimentação voluntária da boca para alimentação e para a fala, ficando mais efetiva com a estabilidade do pescoço, pois melhora o controle da mandíbula. A partir dos 6 meses de idade, com o inicio da introdução (lenta e gradual) da alimentação complementar, começamos também período de transição da mastigação, onde a criança passa da alimentação líquida para a pastosa até chegar à sólida.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2006), a alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começa com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumenta a consistência até chegar à alimentação da família. A partir de um ano de idade, quando já nasceram seus primeiros dentes, a criança estará pronta para a alimentação sólida, inicialmente com alimentos em pequenos pedaços e mais macios.

Chegar à alimentação sólida representa o recrutamento e fortalecimento dos músculos do rosto. Uma criança que não mastiga, mas somente suga fortalece apenas a língua e alguns outros poucos músculos. Os demais grupos musculares como não são recrutados, ficam fracos e sem condições de participar de forma efetiva das funções da boca, como a fala. Ao longo dos meses, a criança passa a apresentar uma fisionomia de cansaço, com a boca constantemente aberta e a língua caída no assoalho da boca, apresentando ainda as seguintes alterações:

  • O tipo de respiração passa a ser oral e nasal, pois com a boca aberta a criança vai inspirar também por ela.
  • O padrão de crescimento de todo o rosto, pois os músculos fracos tendem a pesar mais para baixo, direcionando o crescimento do rosto e tornando-o longo
  • Dificuldade no controle eficiente da saliva (babando constantemente),
  • Desenvolve uma fala “mole” e distorcida, pois os músculos participantes não têm a destreza necessária para os movimentos rápidos e variados necessários.

Assim, para que as nossas crianças tenham condições adequadas para o desenvolvimento da musculatura oral e facial e assim aprenda a articular corretamente todos os sons da fala, é preciso deixar passar estas etapas de evolução da alimentação. A alimentação deve ser variada tanto em cores, quanto em sabores, texturas e consistências, dando um show de estimulação aos sentidos e músculos da face e assim preparando-a para seu próximo desafio: a fala!

 

Um abraço,

6 Replies to “A importância da mastigação para o desenvolvimento infantil.”

    1. Olá Fabiane!
      É preciso compreender melhor o que poderia estar levando à esta dificuldade de seu filho.
      Um fonoaudiólogo, especialista em Motricidade Orofacial, pode auxilia-lo a partir de uma avaliação direcionada! 🙂
      Qualquer dúvida, estamos por aqui!
      Um abraço,

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